Uma equipe da Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB) participa de missão na Bolívia em parceria com o Governo do país. Os objetivos, além de capacitação técnica da equipe do Zoo de La Paz realizada pela equipe de especialistas do Zoo de Brasília, preveem a criação de uma rede de ação para conservação da fauna silvestre na Bolívia e no Brasil. O diretor-presidente do Zoo, Gerson Norberto, e o diretor de Medicina Veterinária do Zoo, Rodrigo Rabello, viajaram nesta segunda-feira (21/01) e retornam no domingo (28/01).
Funcionários do Zoo de Vesty Pakos, localizado em La Paz, estão sendo capacitados quanto a treinamentos de procedimentos anestésicos, diagnósticos e interpretação de exames. Além disso, a população de animais está recebendo análises clinicas.
O acordo de cooperação entre o Zoológico de Brasília e a Bolívia prevê ações colaborativas para conservação de espécies silvestres, comuns em ambos os países e principalmente no caso das ameaçadas de extinção, como os ursos-de-óculos, as onças, gatos-andinos, os condores e os tatus-canastra.
Para Norberto, “a formalização de parcerias interinstitucionais, com trocas e atualizações de conhecimento técnico, é fundamental para fortalecer essa rede de atores que trabalham com a conservação da fauna silvestre. A fauna silvestre não conhece as fronteiras geopolíticas que organizam os estados e os países, por isso é preciso alinhar procedimentos e compartilhar informações sobre nossas atividades de conservação ex situ (realizadas no âmbito dos zoológicos) e in situ (realizadas em campo, nas áreas naturais de distribuição das espécies). Somente de forma colaborativa poderemos cuidar da fauna silvestre da América do Sul.”
O único urso da América do Sul
Uma das inciativas previstas no programa internacional de conservação do Zoo de Brasília com o Governo da Bolívia é a manutenção de uma população saudável do ursos-de-óculos para garantir a sobrevivência da espécie no ambiente natural. Encontrados nas florestas montanhosas dos Andes, os ursos sofrem com a caça e os conflitos com os produtores de alimentos como batatas e milho, base da alimentação humana do pais. Isso reduziu a sua população a não mais do que 5 mil indivíduos em todo o mundo e deixou-os vulneráveis também aos efeitos da mudança climática.
Ney, um urso macho de 8 anos de idade que veio da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, está sob os cuidados do Zoológico desde setembro e a instituição já tem um projeto de manejo cooperativo com outros países como Peru e Equador para receber fêmeas. Uma dessa fêmeas será a parceria do Ney para o programa de reprodução e estabelecimento de uma população reserva (população back-up) da espécie. Outras fêmeas seguirão para zoos no Brasil que fazem parte dessa rede de colaborativa que visa garantir um futuro para a única espécie de urso da América do Sul.
Condor Andino
Apesar do condor-andino não possuir uma ocorrência natural no Brasil, o apoio institucional do Zoológico de Brasília é essencial para a perpetuação da espécie em vida livre. Na terça-feira (23/01), foi divulgado uma cena drástica com o envenenamento de 34 dessas aves na região de Mendoza, Argentina. A esta perda, somam-se outras 19 aves envenenadas na região de Jujuy, naquele mesmo pais.
Esta perda significa uma redução de 0,51% na população mundial de condores, que é estimada em 6.700 animais. Se fossemos comparar com a população humana, seria como eliminar de uma única vez 37 milhões de pessoas, ou seja, um verdadeiro holocausto. Os impactos reais da morte destes animais são imensuráveis, pois ainda não se sabe quantos filhotes foram forçosamente abandonados nos ninhos e nem tão pouco quanto animais deixaram de nascer, visto que estas aves levam 10 anos para atingir a maturidade sexual.
Nesse cenário trágico, as atividades colaborativas internacionais são uma das esperanças para a recuperação da espécie, com o fortalecimento dos programas de reprodução ex situ. O Zoo de La Paz teve recentemente mais um sucesso reprodutivo com o nascimento de uma fêmea que recebeu o nome de “Illima” e já está sendo preparada para ser devolvida à natureza, apesar dos riscos que irá enfrentar. Mudanças na legislação dos países na America do Sul onde a espécie ocorre são necessárias para garantir a segurança de Illima e de outras aves que em breve estarão prontas em vários zoológicos do mundo.
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